VESTIMENTA INVISÍVEL, OU CAMUFLAGEM ÓTICA
SE PREFERIR
Quem não se lembra do filme O Predador, com
Arnold Schwarzenegger, onde um monstro meio transparente, meio invisível era o
vilão? Diz-se que um oficial americano, enquanto assistia ao filme, ordenou aos
seus cientistas que desenvolvessem uma camuflagem como aquela do monstro. Se os
militares americanos chegaram a desenvolver a tal camuflagem, não sabemos. Mas
um japonês sim, a inventou.
Poder ficar invisível é uma velha aspiração
da humanidade, que agora apresenta-se como uma realidade absolutamente factível.
Não se trata de magias arcanas poderosas ou de um delírio da ficção científica,
mas de um bem bolado projeto de camuflagem ótica, desenvolvido por um
laboratório japonês que permitirá aplicações nas mais diversas áreas da
atividade humana.
Susumu Tachi, professor japonês da
Universidade de Tóquio e cientista de um laboratório daquele país, apresentou ao
grande público, em 05 de fevereiro do ano passado (2003), uma tecnologia ainda
em fase de desenvolvimento que promete revolucionar vários ramos da atividade
humana. O nome da invenção é pomposo: Camuflagem Ótica.
Segundo o laboratório, a camuflagem ótica é
um tipo de camuflagem ativa, que incorpora um conceito muito simples. A invenção
parte do princípio de projetar imagens de fundo na parte frontal de uma
superfície (roupa) que está à frente (tampando) esta imagem de fundo, de maneira
que o observador possa observar a cena obstruída em uma superfície aparentemente
transparente. E isto é feito com a adoção das tecnologias de projeção retro
refletiva e de projetor suporte de cabeça.
De maneira muito simplificada, o princípio de
funcionamento deste invento consiste em confeccionar um tecido com apenas dois
tipos de células, de tamanhos microscópicos, intercaladas como em um tabuleiro
de xadrez. O primeiro tipo de célula consistiria em uma minúscula micro câmera
que captaria as imagens do local para onde ela está apontada. O segundo tipo de
célula consistiria em uma célula de projeção (visualização), que projetaria as
imagens captadas pelas células câmeras. Desta maneira, com estes dois tipos de
células intercaladas como em um tabuleiro de xadrez, as câmeras das costas
captariam as imagens de fundo e as projetariam na frente da jaqueta, e vice
versa, com as câmeras da frente captando imagens frontais e projetando-as
nas células projetoras das costas. Daí obtém-se o efeito de transparência da
roupa.
A tecnologia apresenta diversas
possibilidades de aplicações, como cirurgiões que desejarem que suas mãos e
equipamentos não bloqueiem a visão ou pilotos de aeronaves que quiserem que o
chão da cabine seja transparente para facilitar os processos de aterrissagens.
Mas um ramo de atividade que poderia
verdadeiramente sofrer uma revolução, é claro, o militar. Imaginem com que poder
fantástico contariam os exércitos que adotassem um tipo de camuflagem tão
especial. A experiência ainda está nas primeiras fases de pesquisa, e por isto,
os resultados obtidos ainda estão longe da perfeição. Mas o que se tem hoje já é
surpreendente! O atual estágio em que se encontra o invento traduz-se em uma
jaqueta luminosa que gera um efeito de transparência para quem a visualiza, como
O laboratório responsável pelo
desenvolvimento desta tecnologia diz que ainda serão necessários mais alguns
anos até que o invento possa ser disponibilizado para o mercado consumidor.
Resta saber se mais alguém está desenvolvendo pesquisas nessas áreas, e para
qual fim. Afinal é sabido que as práticas de salvaguardas tecnológicas são uma
realidade no mundo contemporâneo. Principalmente quando envolve questões
estratégicas. Quem detém uma invenção que encontra-se em uma determinada
geração, só a disponibiliza para o mercado depois que uma geração superior for
desenvolvida, para consumo próprio.