PROCEDIMENTOS NO LOCAL DE CRIME

 

 

 

 

 

 

 

 

Muitas vezes o investigador, na rotina do seu trabalho, depara-se com algum tipo de local de crime. O processamento dos locais de crimes, no Brasil, competem às Polícias Civis Estaduais ou à Polícia Federal. Todos os locais de crime, sejam eles de furto, roubo, homicídio ou qualquer outro crime, implicam numa metodologia única de se chegar ao criminoso através da pesquisa de evidências. Esta metodologia pode sofrer pequenas variações. Variações estas que acontecem mais em função do criminoso do que em função do tipo de crime. É importante também aguçarmos nossa percepção quanto à abrangência do local de crime. Enganam-se aqueles que pensam que o local de crime de um arrombamento é limitado ao cômodo invadido. Ele se estende por todo o caminho que o criminoso usou como sua rota de entrada ou de fuga

O local de crime, por si só, é muito importante para o esclarecimento do crime. As testemunhas também o são. Mas as evidências, diferente dos homens, não esquecem, não se deixam tomar por sentimentos, não prestam falso testemunho e não se constrangem em apresentar sua versão dos fatos. E além disto, as evidências, devidamente coletadas e analisadas, são inquestionáveis.

 

MANIPULAÇÃO DE EVIDÊNCIAS

O bom investigador, quando se depara com um local de crime, sabe que está diante de uma vasta fonte de informações. Pois o local de crime, através das evidências, apresenta ao investigador sua versão dos fatos – que corresponderá, invariavelmente, à verdadeira ação praticada ali. Através dos orifícios na parede e dos resquícios de pólvora da arma, o investigador pode deduzir a origem do disparo. A partir das impressões digitais levantadas, o investigador poderá identificar o criminoso ao compará-las com a de suspeitos. Considerando a disposição dos objetos no local do crime o investigador poderá deduzir a sequência das ações do criminoso. As pegadas deixadas são uma rica evidência para se ter uma idéia do seu tipo físico: altura, peso e idade. O material recolhido debaixo das unhas de uma vítima de homicídio poderia indicar sua luta pela sobrevivência. É claro que poderíamos escrever um livro inteiro e ainda seria pouco para exemplificar todo o potencial das evidências. O bom investigador saberá localizar e colher um grande número e uma ampla variedade de evidências que normalmente passaria desapercebida aos investigadores menos atentos.

Por sua própria natureza, o local do crime não pode ser deixado intocado pelos participantes. Evidência física, de alguma forma, é deixada para trás. Os investigadores envolvidos devem utilizar maneiras equilibradas de tratar cada investigação – levando em consideração a coleta de informações pertinentes ao caso e formulando ligações entre aquelas informações e indivíduos envolvidos no crime.

O uso de materiais e equipamentos adequados para a identificação das evidências, bem como o emprego de materiais corretos para seu respectivo acondicionamento, ajudam e muito, o investigador a compreender o que as evidências têm para contar sobre os fatos ocorridos naquele local.

Por exemplo, as luzes forenses são de grande ajuda para localizar certos tipos de evidências como fluídos fisiológicos tipo urina, sêmem e saliva. Ajudarão também a identificar substâncias suspeitas no local do crime, como certas drogas, fibras e minúsculos fragmentos de vidro imperceptíveis a olho nu.

O acondicionamento das evidências pede alguns cuidados ao investigador. Ele deve levar em conta o tipo de evidência para poder associar o tipo de recipiente indicado para seu devido acondicionamento:

 

·     Envelopes de plástico ou celofane são ideais para acondicionamento de pequenos objetos de origem inorgânica.

·         Envelopes de papel são indicados para evidências orgânicas. As evidências que se apresentarem ainda molhadas, como pode acontecer com manchas de sangue e sêmem, devem secar ao ar antes de serem embaladas. Contudo os envelopes de papéis devem ser evitados para o acondicionamento de fibras, pois o papel pode conter outras fibras que contaminem estas evidências.

·         Pequenas caixas de papelão são indicadas, dependendo da evidência e sua condição.

·         Peças de roupas e evidências maiores podem ser colocadas em sacos de supermercado ou enroladas em papel.

 

Além de saber identificar o material adequado para colher as evidências, outros cuidados devem ser tomados:

 

·         Os sacos e envelopes usados devem ser lacrados. Assim se a evidência for manipulada por alguém descredenciado pelo investigador, a lacre rompido denunciará o fato.

·         Use sempre frascos novos para acondicionar cada evidência. Sua reutilização pode contaminar as evidências.

·         Nunca use durex ou fitas adesivas para colher evidências. Prefira luxas de látex ou pinças para colhê-las.

·         Luzes ultra violeta, lentes de aumento e lanternas são ferramentas indicadas para o investigador usar na procura de evidências.

·         Sempre identifique com um rótulo as embalagens de evidências contendo informações como localização na cena do crime, data e horário da sua extração além do nome do investigador que a colheu.

 

É importante que o investigador saiba onde procurar pelas evidências e como levantá-las. O local óbvio de se encontrar pegadas e trilhas de pneus por exemplo, é no solo, e devem ser levantadas através de modelagem ou fotografias.

Marcas de ferramentas devem ser procuradas em portas e janelas arrombadas, e devem ser levantadas com material de modelagem sensível como borracha líquida. Pois este material permitirá uma riqueza de detalhes que, quando comparadas com ferramentas achadas em posse do suspeito permitirão uma comparação exata.

Antes de tocar nas evidências o investigador deve fotografá-las. Ao recolher as evidências, deve-se manipulá-las com cuidado, de forma a não alterar sua forma ou propriedades. Identifique os recipientes coletadores com o maior número de informações possível. Lacre os recipientes de acondicionamento. Nunca use a mesma embalagem para acondicionar mais de uma evidência.

Não dispense evidências pensando já ter uma quantidade satisfatória delas. Também não dispense evidências por acreditar que não hajam recursos suficientes para explorá-la. Guarde as evidências em lugar seguro e depois analise-as com equipamentos apropriados. Lupas, microscópios e alguns reagentes são de muita valia para o perito. Para os exames mais sofisticados, lance mão de serviços de laboratórios modernos, que podem fazer praticamente todo tipo de exame. 

 

FOTOGRAFIAS E ESBOÇOS

Antes de colher a evidência é importante que o investigador a fotografe. A fotografia deverá identificar a evidência. Logo, a utilização de réguas, setas, números e inscrições em papel, devem estar presente na foto. A fotografia prévia também permitirá ao investigador análises posteriores e exatas da sua localização.

É muito útil também, um esboço do local de crime. Depois de colhidas todas as evidências, uma visão panorâmica do local permitirá perceber melhor a conexão entre todas as evidências presentes. Esta conexão entre os vestígios pode revelar os detalhes do crime praticado. O esboço também tem seu valor reconhecido como uma documentação de como o local do crime conforme foi encontrado.

Tão logo o investigador tenha conhecimento de um local de crime, ele deve zelar pela sua integridade. E para consegui-la ele deve isolar a área e reduzir ao máximo o número de investigadores que procurarão por evidências. A seguir o investigador deverá usar de uma abordagem sistemática para a procura de evidências. Deve ser cauteloso e estudar o local como um todo, tentando entender como o crime pode ter acontecido.

Agindo desta maneira, o investigador estará sendo profissional o suficiente para alcançar um grande número de sucessos nos casos investigados.