CARTILHA ANTI SEQUESTROS

 

ENTENDIMENTO DA SELEÇÃO DO ALVO

Generalidades:

Para efetivamente avaliarmos o nível de risco e a adequabilidade de um programa de segurança individual e familiar, devemos compreender bem qual o raciocínio dos marginais quando procuram identificar e selecionar suas futuras vítimas.

Medidas básicas para a segurança individual:

São as ações conscientes que uma pessoa adota para proteger-se contra um constrangimento físico por parte de terceiros. Estas medidas podem variar de uma simples tranca nas portas e janelas, equipamentos de segurança nos veículos, evitar o trânsito por áreas e horários de alto risco, até um bem cuidado planejamento envolvendo pessoal e material especializados. Em conjunto essas medidas constituirão um programa de segurança individual.

Identificação dos alvos pelos sequestradores:

De forma geral, quer sejam bandidos comuns, sem maiores conhecimentos técnicos ou quadrilhas internacionais altamente treinadas neste tipo de ação marginal, a seleção de vítimas em potencial decorre de um mesmo organizado processo de busca de informações que visa listar nomes de pessoas que sejam compensadoras para a atividade do seqüestro.

Das páginas dos jornais, das conversas com empregados, porteiros e salões de beleza, das informações de vizinhos, vão sendo organizadas as primeiras listas. Na segunda fase das ações são desenvolvidos sistemas de vigilância para confirmar dados já obtidos e levantar outros que irão formar novas listas.

Na terceira fase das instâncias preliminares da busca de alvos, são lançados observadores mais experientes para uma vigilância mais acurada que antecederá a decisão de quem seqüestrar. Nesta terceira fase, os sequestradores fazem o jogo das vantagens e desvantagens, comparando as facilidades e dificuldades encontradas para cada possível vítima. Nesta fase, é bom lembrar do ditado: "Quando estou com muita fome para que vou caçar um tigre se existem muitos cordeiros disponíveis?"

Resta decidir se queremos ser TIGRES ou CORDEIROS.

Classificação dos alvos:

Geralmente os seqüestradores classificam seus alvos em potencial em razão de sua acessibilidade, vulnerabilidade, oportunidade e valor (em termos de disponibilidade de recursos para pagamento do resgate). Estas considerações tomam forma mais específica quando as ações dos seqüestradores são avaliadas de acordo com os seguintes critérios:

  • risco X sucesso
  • vítima "mole" X vítima "dura"
  • facilidade do ataque X valor da vítima

Risco X Sucesso:

Os seqüestradores preferem atacar alvos que envolvam o menor risco e ofereçam as maiores possibilidades de sucesso. Os melhores alvos são aqueles que não possuem nenhum tipo de proteção, fazem percursos e adotam conduta extremamente rotineiros, costumam expor-se sem necessidade, e, acima de tudo, não acreditam que possam ser vítimas de um seqüestro.

Vítima "mole" X Vítima "dura":

Na seleção do alvo, um dos pontos que mais é levado em consideração é como está protegida a vítima escolhida. Se há ou não qualquer tipo de segurança; se esta segurança, quando houver, é forte ou fraca. O provérbio citado diz respeito a esta consideração. Uma forte segurança pode não impedir um seqüestro a ser realizado, caso haja uma forte motivação para os seqüestradores, mas inibe qualquer ataque, quando houver "cordeiros" em disponibilidade imediata.

Facilidade do Ataque X Valor da Vítima:

A facilidade do ataque ao alvo estará diretamente ligado ao valor da vítima, ou seja, quanto mais vulnerável for o alvo e seu retorno como "investimento" mais chance você terá em ser seqüestrado .

 

REGRAS DE SEGURANÇA PESSOAL

Medidas básicas:

Muitas pessoas consideram que a adoção de medidas de alerta contra a possibilidade de ações marginais e, especificamente, de seqüestro é responsabilidade de terceiros. A síndrome do "isto não acontecerá comigo" freqüentemente conduz a uma posição contemplativa dos acontecimentos que inibe a tomada de medidas preventivas anti-sequestro que poderão, por si só, evitar a concretização de ações violentas contra a pessoa ou membros de sua família. No entanto, como os fatos são alarmantes, acabam nos mostrando que diariamente convivemos com a violência urbana e que muitos de nós já nos situamos na chave dos "alvos em potencial", será interessante que aprendamos algumas regras básicas de medidas anti-sequestro que nos ajudarão a pelo menos dificultar ou desencorajar qualquer tipo de ação violenta contra nós e contra nossos familiares.

Regras preliminares:

Permaneça em constante estado de ALERTA.

O seqüestrador, entre outros fatores de seleção de alvos, procurará agir sobre quem lhe ofereça o menor risco durante a ação. Pessoas que adotam pouca ou mesmo nenhuma medida de segurança serão mais suscetíveis a ações de violência e de seqüestro.

Estar em alerta obriga no mínimo a:

1) Permanente preocupação com o que nos cerca, para poder perceber situações que se apresentam fora dos padrões do dia-a-dia, tais como veículos ou movimento de pessoas suspeitas;

2) Imediata comunicação às autoridades policiais de qualquer fato estranho detectado;

3) Planejar ações alternativas em caso de um atentado. Determinar os possíveis "pontos de agressão" em seus itinerários habituais (locais onde há uma diminuição da velocidade ou mesmo parada, como interseções, sinais de trânsito, curvas fechadas, depressões, obstáculos nas ruas, dentre outros);

4) Identificar locais de apoio (pontos de fuga) ao longo de seus itinerários normais ou eventuais, tais como: quartéis, delegacias, hospitais, grandes lojas de departamentos, restaurantes ou locais onde haja uma grande movimentação de pessoas.

Evite rotinas. O homem é especialmente inclinado à formação de rotinas em seu dia-a-dia. Usamos os mesmos itinerários, comemos nos mesmos restaurantes, normalmente na mesma mesa e com o mesmo garçom, compramos o jornal na mesma banca, cortamos o cabelo com o mesmo barbeiro, freqüentamos o mesmo clube onde temos praticamente o mesmo grupo e outras tantas manifestações de formação de hábitos de rotina.

Torna-se muito fácil para qualquer um acompanhar nossos passos. Os seqüestradores sabem disso e normalmente planejam suas ações cuidadosamente; dessa forma eles irão observar as rotinas de seus alvos em potencial para estabelecerem as prioridades da ação, buscando sempre um decréscimo no risco e um acréscimo nas possibilidades de êxito. É o jogo do risco X benefício. Assim, quanto maior o benefício potencialmente existente maior deverá ser a preocupação com as medidas de segurança a serem adotadas, de forma a tornar-se um alvo menos desejável.

Algumas medidas são particularmente importantes para evitar a formação de rituais de rotina:

1) Altere regularmente seu itinerário para o local de trabalho e vindo dele, assim como sua hora de chegada e de saída. Estatisticamente 78% dos casos de seqüestro são realizados no itinerário trabalho-casa-trabalho e nos horários compreendidos, na manhã, entre 08:00 e 11:00 e na parte da tarde, entre 16:00 e 18:00 horas.

2) Faça seus exercícios em diferentes locais e horários, utilizando percursos e distâncias diferentes. É sempre aconselhável não exercitar-se só.

3) Não estabeleça rotinas para seu almoço, compras, etc.

4)  Não divulgue informações pessoais ou de sua família para desconhecidos, diretamente ou em conversas com barbeiros, cabelereiros, na praias, no clube, na rua, com porteiros e motoristas.

5) Entre e saia de seu local de trabalho ou de visitação, sempre que possível, por entradas diferentes. Mantenha um perfil baixo, ou seja, não se exponha sem necessidade.

Para isso, observe os seguintes preceitos: 

1) Procure não chamar a atenção sobre sua pessoa como alguém de muitos recursos. Seja discreto na maneira de vestir, em hábitos sociais, maneirismos, etc.;

2) Evite a publicidade das colunas sociais. Quanto menos notícias que possam associar a pessoa aos seus recursos, melhor;

3) Evite ostentar em festas jóias extravagantes, carros muito caros e de fácil percepção (desde que seja blindado ), promoções onde seu nome seja mostrado em destaque e possa ser pré-selecionado em uma lista de possíveis seqüestráveis;

4) Alerte seus familiares para o tipo de conversas com informações de grandes gastos ou atividades dispendiosas (como viagens ao exterior), em colégios, clubes, barbeiros, salões de beleza, festas, etc.

Cuide da segurança de sua família É extremamente importante que todos os membros da família estejam informados sobre as medidas pessoais de segurança já adotadas e a serem observadas por todos. Assim, deve-se enfatizar a importância e a seriedade com que este assunto deve ser tratado.

A ameaça de um possível seqüestro não é uma brincadeira. Todos os membros da família devem conhecer em detalhes o que fazer e quando fazer, para minimizar os riscos de um seqüestro. Por outro lado, devem ser pré-estabelecidos códigos, senhas e condutas para a prevenção de atos de violência e para uniformizar a maneira de agir em caso de sua ocorrência. Todos esses procedimentos devem ser exaustivamente treinados até se tornarem uma ação automatizada.

A segurança de sua casa não deve ser negligenciada, devendo sempre que possível ser observado:

1) Mantenha portas e janelas externas fechadas e trancadas;

2) Não coloque em um mesmo chaveiro as chaves da casa e do carro;

3) Troque as fechaduras externas a qualquer desconfiança de violação, forçamento ou perda das chaves;

4) Jamais abra as portas para pessoas previamente não agendadas e que não sejam de seu conhecimento;

5) Conheça os empregados da telefônica, energia, correios, medidor de água, etc. Em caso de não reconhecimento, não permita sua entrada até identificá-lo com segurança;

6) Verifique todos aqueles que tenham que prestar qualquer tipo de serviço em sua casa. Lembre-se de que mesmo um empregado verdadeiro pode ser rendido e substituído por um seqüestrador;

7) Estabeleça códigos de alerta entre seus familiares para um caso em que estejam em real perigo. Palavras simples, facilmente assimiladas e memorizadas, que indiquem a situação de anormalidade, principalmente quando a ligação for pelo interfone da porta, solicitando abri-la, ligue imediatamente para a Polícia e avise o ocorrido, em seguida abra a porta e aja com naturalidade;

8) Planeje e treine procedimentos de emergência;

9) Distribua números de telefones de emergência para todos os membros da família;

10) Procure instalar equipamentos elétrico-eletrônicos de segurança (circuito interno de TV, alarmes silenciosos, de luzes ou de sirenes);

11) Alerte seus familiares, principalmente crianças, a evitarem ruas e locais isolados e / ou mal iluminados;

12) Instrua seus filhos para sempre manterem os pais informados do lugar onde se encontram;

13)  Esteja certo de que seus filhos cheguem e saiam de casa em segurança;

14)  Nunca deixe crianças sozinhas em casa;

15)  Faça rigorosa seleção para a contratação de seus funcionários;

16) Determine um "ponto de fuga" dentro de sua casa. Neste local seguro deverá ser instalado um sistema alternativo de comunicações bilaterais e preparados equipamentos de emergência, tais como: caixa de primeiros socorros, lanterna com baterias extras, cordas ou escadas de cordas, apitos, sinalizadores e, caso haja total segurança para evitar acidentes com crianças, uma arma com munição. É também recomendável que este local disponha de água potável e de alguns alimentos, como: leite em pó, chocolates, biscoitos, etc.

Verifique a segurança de seu local de trabalho É importante que não haja um sentimento de "aqui não me acontece nada", em relação ao seu local de trabalho. Assim:

1)  Estabeleça um programa de segurança para o trabalho;

2) Treine seus empregados para estarem alertas a qualquer tipo de atividade que possa ser considerada como suspeita;

3) Mantenha um rígido sistema de identificação do pessoal;

4) Faça cuidadosa triagem para a admissão de pessoal;

5) Faça uma rigorosa identificação dos visitantes;

6) Verifique periodicamente todas as portas, janelas, trancas, telhados, quadro de chaves, sistema telefônico, de água, a copa, etc. Mantenha seu veículo em segurança As inspeções periódicas são extremamente importantes. É claro que não esperamos um atentado terrorista, assim sendo não procuraremos por bombas. Mas, a cada saída é preciso termos a certeza que o carro está em condições ideais de utilização. Devemos prever sua utilização defensiva, para o caso de uma fuga do local do atentado ou evitando que o seqüestro seja realizado, ou de uma forma ofensiva para arremessá-lo contra o carro ou os próprios seqüestradores. O veículo poderá ter sido, ainda, "preparado" para "quebrar" e facilitar a ação dos seqüestradores. Assim, crie o hábito de verificar seu carro a cada saída, mantendo-o, também, sempre com o tanque cheio.

Quanto à segurança do veículo, observe:

1)  Verifique o interior do carro, buscando qualquer coisa que lhe pareça estranho ou chame sua atenção;

2)  Verifique o motor e os pneus. É interessante colocar uma fita adesiva transparente nas laterais do capô, para certificar-se de que este não foi aberto;

3) Verifique se não há vestígios de violação. Algumas precauções irão aumentar a segurança de seu veículo:

  • Use pneus radiais com cinta interna de aço, ou gel selante;
  • Instale espelhos retrovisores de grande capacidade;
  • Instale uma bateria extra para uso alternativo;
  • Utilize um sistema de alarme eficaz;
  • Coloque uma tranca extra no capô;
  • Coloque uma cobertura com tranca sobre a entrada de combustível do carro;
  • Instale um sistema que permita a abertura da tampa do porta mala de seu interior.

No entanto, sempre que houver condições, dê preferência ao veículo blindado, tanto na lataria como nos vidros, além dos equipamentos especiais de segurança.

Desloque-se em segurança. As estatísticas comprovam que as ações de seqüestradores têm ocorrido incidentemente quando a vítima está em seu carro, em movimento, embarcando ou desembarcando dele. O trajeto de casa para o trabalho e vice-versa é a melhor ocasião para a tentativa de um ataque de seqüestro.

Esta vulnerabilidade advém de um considerável número de fatores que diminuem os riscos para os seqüestradores: a vítima pode ser facilmente identificada, pode ser atacada usando o fator surpresa. O ataque neste caso será realizado nas melhores condições para os seqüestradores. No entanto, alguns pequenos cuidados diminuirão esta vulnerabilidade durante os deslocamentos motorizados:

  • Varie os itinerários e os horários dos deslocamentos;
  • Não utilize veículos que chamem muito a atenção no seu dia-a-dia de trabalho;
  • Faça uma inspeção completa do veículo, primeiro externamente e após interna, antes de colocá-lo em movimento;
  • Mantenha portas, vidros, capô, tanque de combustível, sempre fechados e trancados;
  • Mantenha sua garagem trancada;
  • Saiba onde se encontram e quantas são as chaves de seu carro, garagem, etc;
  • Nunca entregue as chaves de seu carro para "lavadores" ou "guardadores" de rua;
  • Nunca dê caronas a desconhecidos;
  • Conheça os pontos de apoio do itinerário (PAI);
  • Permaneça em alerta amarelo todo o tempo em que estiver ao volante;

Costuma-se adotar, permanentemente, quatro atitudes de alerta: (1) Branco: quando em situação de repouso ou em casa (vale dizer: que mesmo assim, permanecemos em condições de ação rápida); (2) Amarelo: quando em qualquer tipo de deslocamento (vale dizer: estar atento ao que se passa em nosso campo de visão); (3) Verde: quando determinada ocorrência, veículo, pessoa ou grupo de pessoas que nos chamam particularmente a atenção (vale dizer: adotar uma atitude predisposta à ação); e, (4) Vermelho: quando identificado o perigo eminente, são adotadas as medidas de reação (vale dizer: atitudes defensivas e / ou ofensivas para neutralizar o agressor).

 

SOBREVIVENDO AO SEQUESTRO

Em caso de um seqüestro bem sucedido, será mais fácil para o seqüestrado e para sua família ter sido orientado e treinado anteriormente por todo,s um procedimento-padrão de conduta, tanto para vítima, como para seus familiares. Algumas recomendações específicas e a adoção de medidas imediatas de proteção irão contribuir para amenizar o clima de ansiedade familiar e o medo que se apossa do seqüestrado. Esperamos que nunca tenhamos que fazer uso dessas medidas, mas serão o primeiro aporte de conforto e servirão para que possamos dar passos decisivos para a retomada e manutenção do controle da situação.

Lembre-se: em uma situação de sequestro os índices de sobrevivência são extremamente altos.

As vítimas são importantes para os bandidos, pois sem elas não haverá como receber o resgate. Somente em casos de extremo despreparo da família do seqüestrado é que os marginais conseguirão receber algum dinheiro após terem matado a vítima. Assim, acalme-se.

A preparação familiar:

1)    Organize, desde já, uma "Comissão de Seqüestro" composta de: um negociador, um administrador da crise, um coordenador financeiro. O negociador é alguém de toda a confiança da família, não parente sangüíneo; deve conhecer profundamente os hábitos e a situação familiar, inclusive econômico-financeira, de forma a conduzir favoravelmente e com desembaraço as negociações; seu objetivo primeiro é ganhar o maior tempo possível, sem firmar nenhum acordo; busca um erro dos seqüestradores que permita sua localização e uma possível ação policial para a libertação da vítima; procura também quebrar o ímpeto inicial dos bandidos, conduzindo as negociações em torno do valor do resgate para números mais favoráveis; está atento a todos os ruídos, vozes e outras situações captadas pelas ligações telefônicas, que possam ajudar na localização do cativeiro. O administrador da crise é o interlocutor da família com o mundo exterior, incluindo polícia, imprensa, amigos e parentes; coordena e controla as atividades referentes às informações sobre o seqüestro, as visitas, e etc; impede o acúmulo de pessoas à casa do seqüestrado; dá entrevistas, quando for o caso, revelando dados que não perturbem as negociações com os bandidos; disciplina toda a movimentação no interior da casa do seqüestrado; mantém os curiosos longe da residência; protege a família contra os aproveitadores de ocasião. O Coordenador da crise é o gerente-financeiro; desde logo procura levantar fundos para a cobertura do resgate; age sempre como se o resgate fosse ser pago sem maiores delongas; faz os contatos bancários, com amigos, etc; prepara o malote com o dinheiro; é o encarregado de fazer a entrega.

2) Mantenha seus documentos em ordem, de sorte a facilitar qualquer tomada de decisão;

3) Estabeleça códigos de informações entre o seqüestrado e a família, de sorte a que se possa fazer comunicações preciosas por meio de palavras-código bem simples e de uso corrente em uma conversação desse tipo;

4) Esteja certo de que todos saberão o que fazer;

5) Instrua sua família para estabelecer contato com as autoridades policiais de forma discreta e sigilosa, mas não deixe de fazê-lo;

6) Evite qualquer divulgação pela imprensa, sem o controle do texto.

Negociação com os seqüestradores:

1) Mantenha a calma e o controle da situação. Lembre-se de que também os seqüestradores utilizam um negociador, que deverá ser o mais capaz entre eles para este tipo de ação. O negociador da família deve "dar as cartas" no jogo da negociação. É preciso habilidade, paciência e procurar desde logo "captar" a personalidade do bandido, mostrando-lhe ao mesmo tempo sua determinação, conhecimento e segurança;

2) Certifique-se, de imediato, de que a pessoa que diz estar de posse do seqüestrado, pode provar o que afirma; algumas boas "provas" são: fotografias do seqüestrado tendo às mãos, bem visível, o jornal do dia; fitas gravadas citando um fato do dia, publicado nos jornais ou mostrado na TV; bilhetes, citando fatos ou dados só conhecidos pela família e pelo seqüestrado; os bilhetes são uma primeira prova, mas não dão a garantia de vida para os dias subsequentes, pois podem ser escritos todos de uma só vez com datas futuras; a entrega de peças do vestuário ou de objetos usados pelo seqüestrado no dia do seqüestro.

3) Procure ganhar todo o tempo que puder;

4) Seja enérgico no trato, mas não irrite, nem ameace os seqüestradores, pois não poderemos saber com que tipo de personalidade estamos tratando;

5) Procure ouvir e gravar tudo o que puder durante as ligações telefônicas: apitos, barulhos de trem, buzinas constantes, conversas de fundo, tudo que possa futuramente identificar o local de onde foi feita chamada. Seqüestradores mais treinados fazem chamadas de locais diferentes e, normalmente bem distantes do local do cativeiro, mas mesmo assim, poderemos rastrear suas chamadas até que cometa um erro.

6) Além de ter todas as ligações gravadas, procure guardar detalhes da voz do seqüestrador;

7) Procure explorar seus pontos fracos, testando-o com calma e anotando suas reações;

8) Mantenha um ou mais telefones de extensão para seu usado por elemento especializado da polícia que estiver em apoio;

9) Negue sempre a existência ou a possibilidade de ser conseguida a soma do valor do resgate.

Conduta do sequestrado no cativeiro:

1) Não perca a confiança nem o auto-controle. Recomponha-se o mais rápido lembrando-se de que o medo é um sentimento natural e irá desaparecer com o tempo;

2) Grave mentalmente as direções tomadas, ruídos, odores, conversas, tudo que possa servir futuramente para identificar o local do cativeiro e seus seqüestradores;

3) Procure neutralizar a sensação de isolamento e os esforços de seus captores em confundi-lo e desorientá-lo, fazendo exercícios mentais do tipo "agora vai ocorrer isto", adivinhando o que seus algozes pretendem fazer ou dizer para intimidá-lo;

4) Mantenha-se mentalmente ativo, não sinta pena de si mesmo;

5) Não irrite ou provoque seus seqüestradores;

6) Procure estabelecer uma convivência positiva;

7) Coopere com as instruções que receber dos seqüestradores, mas mantenha sua dignidade;

8) Faça exercícios físicos regularmente;

9) Leia tudo que lhe caia nas mãos;

10) Coma o que lhe oferecerem. É importante a manutenção de seu estado físico;

11) Não tenha receio em pedir ou mesmo exigir itens que lhe tragam mais conforto;

12) Estabeleça uma rotina metódica para suas atividades diárias;

13) Não fuja da realidade por meio do sono;

14) Seja polido. Mantenha claro o raciocínio quando lhe fizerem perguntas ou ordens de ação;

15) Dê respostas curtas. Fale sobre coisas sem importância;

16) Não se iluda por uma aproximação mais branda de seus seqüestradores. Eles são bandidos;

17) Se for instado a fazer qualquer declaração, identifique suas palavras como sendo feitas em resposta à determinações de seus captores;

18) Mantenha sua fé religiosa, sua auto-confiança, seu orgulho e a certeza de que tudo estará sendo feito para sua pronta libertação.

Quando da ação policial para o resgate do seqüestrado:

1) Deite-se no chão e permaneça nesta posição, o mais abrigado possível, até que venham buscá-lo;

2) Evite os movimentos bruscos;

3) Espere por instruções vindas dos policiais;

4) Uma vez em liberdade não dê entrevistas de momento, evitando falar sobre seus captores, local ou dos esforços para sua libertação;

5) Esteja preparado para enfrentar o assédio da imprensa;

6) Reconheça que sentimentos de culpa e uma suposta simpatia pelos seus captores é normal após algum tempo sobre a pressão do cativeiro.